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Biblioteca do México

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A hipótese do Território Urbano

Entendemos uma biblioteca pública no contexto de uma determinada situação técnica, social e cultural, como uma metáfora hipertextual de um território urbano, nunca tão bem exemplificada como este projeto para a Biblioteca José Vasconcellos; um ponto de “conflagração” a escala da metrópole.

Esta é, possivelmente, a imagem mais contemporânea de uma biblioteca pública para este século: uma estrutura como suporte independente do modo de como será administrada e equipada. Administração e equipamentos que, sem dúvida, mudarão com o passar do tempo, tanto em seus aspectos puramente técnico como em seus múltiplos usos e diversas demonstrações culturais.


O dilema das dualidades

Dentro desta hipótese de biblioteca pública para a Cidade do México, enfrentamos uma curiosa duplicidade de dualidades:

Construir uma arquitetura de acesso fácil e desinibidor.
vs.
Construir uma arquitetura reconhecível e identificável como um ícone da metrópole.

Construir uma arquitetura para uma função que requer sobretudo paz visual e silêncio
vs.
Construir uma arquitetura que seja lugar de passagem de uma imensa massa de pessoas, que pretende ser pólo de desenvolvimento urbano.


O desenvolvimento das telecomunicações e o paradoxal aumento dos deslocamentos

Os progressos do ciberespaço, cidades digitais e outras sinergias virtuais em tempo real parecerem indicar um futuro que substituirá os deslocamentos e os contatos diretos. Mas a realidade parece mostrar o contrário; o desenvolvimentos das comunicações é paralelo ao desenvolvimento dos transportes físicos, e a relação entre os dois é direta e não inversa.

“Quanto mais nos comunicamos mais nos deslocamos”

O ciberespaço é, efetivamente, um potente fator de desconcentração e de deslocamento. Mas tudo parece indicar que isso não eliminará os centros urbanos, a diversidade concentrada, as aproximações físicas e os encontros humanos diretos que continuam constituindo a principal atração das cidades e seus pontos de convergência.

O lugar selecionado? Nada mais apropriado para manifestar uma biblioteca do século 21. Como manifestar arquitetonicamente esta convivência e esta convergência?
A presença visual da praça arborizada e a biblioteca para quem chega, e a imagem silenciosa do movimento dos trens por detrás da praça arborizada desde a biblioteca. Não queremos esta sintonia de reconhecimento, ao contrário, o projeto as evidencia ponderadamente como uma relação de proporções.


O desenvolvimento para a área urbana da Estação Buenavista

Na proposta para este desenvolvimento pretendemos estabelecer algumas induções, que foram concebidas simultaneamente com o projeto da biblioteca, já que, como se expõe na conceituação geral, este conjunto representa uma totalidade que deve ser respondida por uma simultaneidade de ações inseparáveis de uma dinâmica de transformação inevitável. Esta localização apresenta condições excelentes para o desenvolvimento imobiliário, hotelaria, comércios, estacionamentos e os espaços abertos residuais, como a própria sede do FNM e o prédio na Avenida dos Insurgentes.


1. Regeneração do prédio na Avenida dos Insurgentes

Este prédio, que se desenvolve pela Avenida dos Insurgentes, com 25.850 m², tem um potencial urbano extraordinário, um contraponto urbano ao edifício da biblioteca.

Este território permitiria, sem alturas excessivas, localizar no térreo grande áreas comerciais e sobre elas, sem necessidade de usar o subsolo, três níveis de estacionamento com capacidade aproximada para 2.500 veículo, com diversas entradas e saídas, evitando criar conflitos de trânsito na avenida.

Sobre este estacionamento, e com acesso desde o térreo, propomos vários edifícios com 6 pavimentos que poderiam oferecer até 15.000m² de área rentável, e uma cobertura utilizável para serviços comuns privados de aproximadamente 6.000m². É possível também uma ampliação de mais uma faixa na avenida, evitando interferir no fluxo do trânsito de passagem.

Este conjunto se conecta diretamente, através de suas áreas comerciais e seus estacionamento, com a estação Buenavista, gerando uma sinergia extraordinária sem superposições construtivas que dificultem sua construção.


2. Interconexão viária através da praça e da biblioteca, inclusive com a linha B e a futura linha 10 do metrô

O estacionamento proposto para a biblioteca é, em realidade, o grande conector urbano que intermedeia o nível do solo, o metrô, a praça e os acessos à estação e à biblioteca.


3. Transformação do atual edifício sede do FNM

Este edifício, que pertence às ferrovias do estado, está implantado em um prédio que poderia ser integrado às transformações de interesse público na reconversão urbana da área. Para isso provocamos uma indução a partir de uma conexão subterrânea que parte da cota nível -1,4, estacionamento da biblioteca e que tem a função primordial de conectar o ponto de ônibus diretamente com a biblioteca e o teatro. A partir deste ponto a conexão poderá ter uma continuidade natural para um futuro parque urbano, encadeamento propositivo, gerando situações urbanas inéditas e de múltiplos interesses.


4. Mudança de legislação para o entorno imediato

A escala de transformação que está sugerida no projeto implica uma revisão das normas e legislação de uso do solo que se apliquem aos bairros circundantes e estabeleçam sempre uma relação de arquiteturas e usos adequados ao desenvolvimento desejado para a região. Esta nova legislação específica deve ser simples, clara e incentivadora para a negociação com os interesses privados.


5. Recolocação e modernização da passarela de pedestres sobre a Avenida dos Insurgentes

A passarela existente sobre a Avenida dos Insurgentes pode ser melhor aproveitada reposicionando sua estrutura de modo que sua altura coincida com o pavimento de embarque da atual estação Buenavista. Deverá existir uma conexão mecânica com o solo que propomos totalmente comercial e em continuidade com a praça da biblioteca. Este raciocínio topológico dos níveis urbanos evita a criação de pontos urbanos cegos, dinamizando sem dúvida a leitura de um circuito que se transformará em um passeio de múltiplos usos e conexões.


6. Redesenho da geometria das vias e cruzamentos existentes

Este projeto propõe conexões viárias especiais que dão continuidade à malha existente. A proposta do estacionamento evita especialmente a concentração de fluxos viários em somente um ponto. Assim conseguimos modificar raios de curvatura e pontos de conexão.


7. Intermodalidade

Especial atenção foi dada à questão da intermodalidade. Já que se trata de um espaço de intercâmbio, o projeto prevê especialmente uma área para embarque e desembarque de veículos privados, de táxis e de ônibus urbanos, todos em conexão com os trens e especialmente com as duas linhas de metrô.


8. Reconversão e ampliação da atual terminal Buenavista

Constatamos que a estação existente tem excelentes possibilidade de transformação sem alterar a concepção do “corpo principal” o hall do edifício, típica arquitetura dos anos cinquenta.

O piso inferior da sala de embarque é um conector natural entre a Avenida dos Insurgentes e a futura praça da biblioteca, que se utiliza de um pequeno desnível ao piso do estacionamento.

Estas condições estruturais e espaciais convidam a reestrutura somente os extremos do hall da estação, estabelecendo um “anel” comercial que se conecta através de escadas rolantes com o hall da estação.

Aproveita-se o nível superior da marquise de concreto existente (nível +3,00) em toda sua longitude, e também no nível +1,00 abrindo-lhe toda sua extensão, que é proposta ao mesmo nível da praça.

Local:
México DF, México

Data:
2002

Cliente:
Governo do México / CONACULTA

Área de intervenção:
27.000 m²

Concurso:
Concurso Internacional, Finalista

Arquitetura e Urbanismo:
VIGLIECCA&ASSOC
Hector Vigliecca, Luciene Quel, Ronald Werner Fiedler, Ruben Otero, Lilian Hun, Ana Carolina Penna, Mario Rodríguez, André Luque, Paulo Serra, Luci Maie

Colaboradores:
Carlos Perles, Maíra Paes de Barros, Indiana Marteli, Fabio de Bem, Nicole Sztokfisz

Engenharia de Custos:
Paulo Serra

Consultoria de bibliotecolonomia:
Wolfram Henning

Arquitetura de interiores e comunicação:
Klein Dytham Architecture

Apoio técnico:
Billy Springall, Miguel Lira, Julio Gaeta

Consultor de Desenho estrutural:
Luis Esteva, Carlos Dominguez

Consultor de Mecânica de solos:
Guillermo Springall

Consultor de Instalações hidrosanitárias:
Francisco Cuellar

Instalações eletromecânicas:
Gustavo Castilla

Consultor de Luminotécnica:
Gustavo Aviles

Consultor de Processos construtivos e engenharia de custos:
Alvaro Sánchez

Consultor de Botânica e paisagismo: Lourdes Osnaya

Perspectivas:
Henrique Blutaumüller, Fernando Leal de Lima

Maquete:
Frederico Cravo, Carolina Haapalainen,

Fotos:
Stepan Chahinian

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