Parque Guarapiranga
A urbanização do trecho da Av. Robert Kennedy, lindeiro à Represa de Guarapiranga, integra um projeto maior definido como Contorno Turístico da Represa de Guarapiranga. A intervenção apresentada corresponde a 8% da margem total da represa. Dentro destes limites, o objetivo do projeto retoma uma tendência que consiste em reconhecer e evidenciar uma frente fluvial, como condição de privilégio, com grande potencial para restabelecer valores urbanos de identidade na escala metropolitana. A proposta pretende definir apenas uma intervenção pontual ponderada e não um modelo a ser estendido ao longo de toda a margem.
Em muitas cidades brasileiras, assim como no exterior, as frentes fluviais foram relegadas a áreas desqualificadas e ainda, na maioria dos casos, invadidas por habitações informais, acentuando a formação de barreiras urbanas de difícil transposição. No entanto, o próprio processo cultural urbano começa, internacionalmente, a reconhecer a importância de uma frente urbana sobre as bordas fluviais. Nesse cenário, centenas de exemplos surgem instigando urbanistas e o poder público a estabelecer uma nova relação com essas frentes, que sempre se revelam um motor de desenvolvimento bastante acelerado. Assim, o projeto pretende retomar esta tendência que se resume em reconhecer e evidenciar uma frente fluvial como uma “linha de privilegio”.
A extensão total da intervenção é de 4,5km e abrange uma área de aproximadamente 136ha, onde está previsto o desenvolvimento de novas atividades de relevante valor econômico e social, podendo vir a se transformar em uma das mais importantes intervenções urbanas da cidade de São Paulo. O projeto contribuirá para configurar uma imagem única para o empreendimento e para a própria cidade. Este “motor de desenvolvimento” estabelecerá novos fatores de competitividade como espaço econômico afim de que este cumpra sua função de integração social.
O projeto se baseia em estabelecer um ganho de terra sobre a área da margem da represa, já assoreada, a partir da consolidação formal de uma margem, definida por uma linha de contenção que se estende ao longo de toda a interface do parque com a represa.
Sobre esta estrutura de interface se apoia um deck de madeira que serve como um grande passeio público ao longo do parque. E a partir deste deck estende-se uma nova faixa de território que permite o desenvolvimento de diversas atividades, tanto de usos públicos como privados.
A faixa do território destinada ao parque está subdividida em 3 setores, a saber:
Setor I, que concentra as atividades âncora da intervenção: Marina pública, centro comercial formado por shopping náutico e quiosques, e local destinado à feiras e exposições. Neste setor concentram-se ainda os maiores bolsões de estacionamento do parque e um píer flutuante com capacidade para aproximadamente 200 barcos.
Setor II, caracterizado por um grande palco para apresentações conectado à uma praia urbana de concreto, com fontes de d’água.
Setor III, onde estão localizados os equipamentos esportivos e de lazer como o campo de futebol, as quadras poliesportivas e de tênis, pistas de skate e a grande piscina – estrutura de recreação aquática inserida dentro da represa com trampolins e deck.
Os núcleos de serviços são estruturas que concentram a maior parte dos equipamentos como lanchonete, sanitários, telefones públicos, playground e segurança, estão distribuídos ao longo do parque e caracterizam-se por apresentar uma vegetação diferenciada.
Nas extremidades da área localizam-se as áreas de preservação ambiental demarcando os limites norte e sul do parque.
Na faixa lindeira à Av. Robert Kennedy, com ocupação residencial de médio padrão consolidada, denominada Vila Guarapiranga, propõe-se uma transformação, ao longo do tempo, por meio da definição de novos índices relativos ao parcelamento, uso e ocupação do solo adequados à proposta urbanística estabelecida para o total da área do projeto.
Nas demais áreas da faixa lindeira à Av. Robert Kennedy propõe-se uma nova ocupação por edifícios destinados aos usos residencial, comercial e de serviços, configurando uma área para desenvolvimento imobiliário futuro, o que poderá acarretar uma operação mútua de valorização e conservação desta parte do território.
A ocupação proposta para essa faixa de desenvolvimento imobiliário baseia-se no modelo das super quadras de Brasília, em que o lote privado ou condomínio se circunscreve ao próprio edifício enquanto as áreas externas, públicas, integram-se fisicamente à área do parque.
Local:
São Paulo, SP
Data:
2009-em andamento
Cliente:
Prefeitura de São Paulo – LBR/Geometrica
Área de intervenção:
136 ha (1,36 milhões de m2)
Arquitetura e Urbanismo:
VIGLIECCA&ASSOC
Hector Vigliecca, Luciene Quel, Ronald Werner Fiedler, Neli Shimizu, Caroline Bertoldi, Adda Ungaretti, Camilla Dibaco, Ignácio Errandonea, Fabio Pittas, Michelle Castro, Paulo Serra, Luci Maie
Coordenação de Engenharias:
Geometrica
Projeto Geométrico:
Rafael Bizetto
Projeto de Ciclovia:
Danilo Soares
Projeto de Drenagem:
Ana Flávia Pontes
Projeto de Pavimentação:
Marisa Furtado
Projeto de Estrutura:
Marcelo Zavanella
Projeto de Paisagismo do Sistema Viário – Contorno Turístico:
Sueli Bissoli
Projeto de Galeria Técnica:
Albino Gomes
Cadastro e Projeto de Remanejamento de Interferências:
Luiz Carlos Brasil Junior
Estudos Ambientais:
GEOVERDE Engenharia
Estudos de Sedimentologia:
Carlos Lloret, Paulo Nakayama
Edição de Relatórios e Controles:
Marcia D’Avila
Emissão de Documentos:
José Candido de Oliveira Neto, Ricardo Salgado
Geotecnia:
G4U
Topografia:
TSEnge Engenharia Ltda
M Godoy Agrimensura Ltda.
Sondagens a Trado:
System Engenharia Ltda.
Sondagens a Percussão:
Sonda Solo Com. Sondagem Ltda.