Nova sede da Petrobras
O Concurso Nacional de Arquitetura para a nova sede da Petrobras foi promovido pela petrolífera em conjunto com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), em julho de 2005.
A área destinada à sede, o morro do Barro Vermelho, situado na zona urbana de Vitória, destaca-se na paisagem como marco referencial.
A perspectiva de um edifício transformador que pudesse ser uma referência cultural e tecnológica (tema levantado quando da solicitação) poderia confundir-se com um exercício formal gratuito, que acabasse por restringir o potencial de uma intervenção no território urbano a um mero exercício de design.
No enfrentamento deste tema, consideramos que as singularidades estão na clareza da interface entre o construído e o suporte físico, no emprego adequado de técnicas, não necessariamente novas e, principalmente, na consciência de que estamos construindo a cidade.
Entre a topografia do morro coberto de vegetação e o tecido da cidade, optamos por trabalhar na continuidade da frente urbana, como elemento qualificador da estrutura pública.
As ações sobre a área verde foram as de evidenciar a situação existente, aumentando a biodiversidade e estabelecendo um contraponto cultural a ser identificado na história da formação do parque.
Para o construído, definimos uma praça de acesso aos edifícios, que faz frente à Avenida Nossa Sra. da Penha, a 1,5m acima da cota da via. Ela é o elemento comum, de distribuição aos quatro blocos perpendiculares, encaixados na topografia em aclive.
A partir dela, substituímos o tradicional hall horizontal do térreo por um hall “vertical”, materializando literalmente a interface com a cidade.
O edifício e a paisagem da cidade
Vitória tem uma característica peculiar resultante de sua ocupação: o contraste entre territórios construídos e a geografia dos morros verdes sobressalentes.
Construir no topo destes morros significa destruir a leitura desse “contraponto”. Ao contrário, afirmamos esse contraste, ampliando o potencial de paisagem que assim se apresenta.
Na interface com o edifício, onde se propõe um recorte da encosta, o solo rochoso seria exposto, valorizando assim a própria ação do corte e conformando reservatórios de águas pluviais nas cotas mais baixas. Estes espaços representariam um ponto de destaque de forte valor paisagístico.
Arquitetura como estratégia: o terceiro território
O terceiro território é aquele conformado por uma “nova geografia”, por uma ação projetual que tem como estratégia potencializar, mutuamente, o lugar e a própria construção que o transforma e é transformada por ele. Definimos uma coexistência solidária entre o construído e o não construído em uma concepção integral.
A estratégia do crescimento
A solicitação de crescimento, considerando a solução de continuidade, é o desafio técnico central desta proposta. Optamos por estabelecer uma área de crescimento, articulada à praça de contato com a via, que ficará interligada à primeira etapa como um edifício único. Mesmo nessa primeira etapa teríamos uma imagem acabada, não correndo o risco de obter um edifício visualmente incompleto, conservando ainda as árvores existentes. As obras da ampliação não produziriam interferências nas áreas de trabalho, já que a ala contígua teria funções fechadas ou voltadas aos pátios internos. Os acessos superior e inferior seriam separados para a execução das obras.
Local:
Vitória, ES
Data:
2005
Cliente:
Petrobras
Arquitetura e Urbanismo:
VIGLIECCA&ASSOC
Hector Vigliecca, Luciene Quel, Ronald Werner Fiedler, Neli Shimizu, Ruben Otero, Thaísa Froés, Lilian Hun, Ana Carolina Penna, Paulo Serra, Luci Maie
Colaboradores:
Estudio A2T