Plano Urbanístico do Boulevard da Paz
A favela Boulevard da Paz ocupa uma área privada que compõe o perímetro de reserva de mananciais da cidade de São Paulo. O projeto estabelece uma estratégia de ocupação que representa uma ressignificação do território e de integração dos fragmentos habitacionais à área envoltória, numa tentativa de enfrentamento da questão ambiental dos mananciais com o uso habitacional.
Aqui, as características físicas do território foram referenciais para a conformação da proposta urbana. As cumeeiras representam os espaços de possível ocupação. Nelas seriam implantados edifícios habitacionais com equipamento público e comércio nos vértices. A perspectiva seria a de se gerar, com isso, uma centralidade, funcionando como um polo articulador de cotas: a esses pontos excepcionais seriam agregadas passarelas de conexão, por sobre os vales, o que viabilizaria os vínculos no interior da área e da área com o restante do bairro.
A perspectiva de fazer dessas cumeeiras lócus de habitação e equipamentos de porte é também a de, com isso, ampliar a abrangência desse projeto, para além da estrutura social da comunidade e dos recortes territoriais segregados.
As passarelas ligariam as cotas altas, transformando-se no grande elemento integrador transversal do conjunto. As encostas, que articulam as cumeeiras e as ruas, seriam suporte de edifícios habitacionais escalonados, acompanhando as declividades e criando pequenas praças/patamares de contato.
Os fundos de vale, preservados como parque, teriam seus limites estabelecidos pelas ruas na cota alta, onde uma condição urbana se impõe: de um lado dessa rua, comércio, edificações, moradia; do outro, o parque e seus acessos aos equipamentos institucionais que deveriam ser, ali, instalados.
A estratégia proposta de transformação do território buscou apontar maneiras de valoração das condições aparentemente inóspitas do lugar. Trata-se de adicionar qualidade urbana à ideia de conexão, mobilidade e articulação. Entende-se o projeto como agente ativador de novas situações, compreendido conceitualmente como integrante de um sistema, uma rede mais ampla, atuante na cidade.
Local:
Jardim Guarujá, São Paulo – SP
Data:
2010
Cliente:
SEHAB–HABI–SP; Consórcio Mananciais, Programa Saneamento Ambiental dos Mananciais do Alto Tietê – Programa Mananciais
Área de intervenção:
442.143 m²
Arquitetura e Urbanismo:
VIGLIECCA&ASSOC
Héctor Vigliecca, Luciene Quel, Caroline Bertoldi, Neli Shimizu, Ronald Werner Fiedler, Bianca Riotto, Thaísa Fróes, Pedro Ichimaru, Kelly Bozzato, Aline Ollertz, Paulo Serra, Luci Maie
Gerenciamento:
JNS e Hagaplan
Infraestrutura:
MC Engenharia
Consolidação geotécnica:
Sérgio Murari Ludemann
Paisagismo:
Caio Boucinhas
Unidades habitacionais:
1.377 unidades, 41,5 a 51 m²
Densidade do entorno:
79 hab/ha
Densidade do projeto:
210 hab/ha