Bulevar Artigas
A partir da aprovação da lei conhecida como “Lei Nacional da Habitação” no Uruguai, foram construídos em todo o país inúmeros projetos de habitação, objetivando atender as necessidades de muitas famílias de uruguaios. A lei contemplava como uma das formas de acesso à habitação a solicitação através de sociedades cooperativistas. Nesse modelo foi construído o “Complejo Bulevar Artigas”.
Um dos mais célebres postulados do movimento moderno era que a alta densidade constituía um valor irrenunciável da vida urbana. Para compatibilizar essa densidade com os novos prazeres da existência (a luz, o espaço e a vegetação, segundo Le Corbusier), os arquitetos apostaram na edificação em altura e na liberação do solo para atividades sociais.
O conjunto residencial “Complejo Bulevar Artigas” segue claramente tais diretrizes, chegando à densidade de 638 habitantes por hectare, valor que em determinados contextos seria incompatível com certa qualidade de vida. No entanto, a implantação perimetral, junto aos lados de maior dimensão do terreno retangular, e a concentração dos serviços sociais no centro do conjunto fazem com que o espaço livre adquira um caráter urbano notável, sem que a altura das edificações seja opressiva, graças ao amplo distanciamento das construções.
A outra aposta fundamental deste conjunto reside na flexibilidade funcional. Os edifícios foram organizados com um conjunto de elementos fixos (circulações horizontais e verticais, acessos a meio piso a partir do elevador, dupla orientação e núcleos sanitários), a partir dos quais foram modeladas diversas organizações funcionais, para atender as possibilidades e necessidades dos proprietários das 332 unidades habitacionais. Das 80 alternativas propostas, foram selecionadas apenas 41, após a pesquisa com os futuros proprietários inscritos.
A escolha construtiva (estrutura em concreto aparente e fechamentos de alvenaria) determinou em parte o aspecto formal dos edifícios, nos quais se notam características brutalistas e certas influências britânicas, procedentes especialmente das new towns dos anos 1970, ainda que colocadas a limites difíceis de imaginar nos conjuntos ingleses.
Local:
Montevidéu, Uruguai
Data:
1971-1973
Cliente:
CCU – Centro Cooperativista Uruguayo
Área de intervenção:
31.000 m²
Área construída:
24.872 m²
Unidades habitacionais:
322 unidades/units, 4 tipologias/typologies , 69 a 95 m2
Densidade do projeto:
638 hab/ha
Arquitetura e Urbanismo:
Hector Vigliecca, Ramiro Bascans, Thomas Sprechmann, Arturo Villaamil